Bem, mas como este texto serve para falar do comportamento dos portugueses e não das suas pirosas alcunhas, vamos ao que interessa.
A necessidade de escrever este desabafo surgiu especialmente depois de conversas distintas com dois amigos. Recomendo aos leitores mais sensíveis e àqueles que têm mau hálito que vão ver o canal das televendas ou um qualquer erótico porque as histórias que a seguir serão relatadas podem e devem ferir susceptibilidades. Um dos meus amigos, relatou-me que quando viajava tranquilamente dentro da sua viatura (e não estava a tirar macacos do nariz, como qualquer bom automobilista), o condutor do carro à frente mandou, imaginem, a tampa do seu belo iogurte liquido borda fora, e esta bateu-lhe com requinte no pára-brisas e deixou-lho badalhoco, mas a cheirar a morango/abacaxi. Não ficaram impressionados? Ainda bem, porque a parte pior nem era aquela. Finda a degustação do referido iogurte, bota de mandar para o ar (e o ar é de todos) a embalagem do referido alimento. Mais uma vez, e porque a pontaria era boa, o que restava do pobre iogurte e seu recipiente embateram no vidro, sem compaixão pelo resto das gotas que se encontravam dentro do mesmo, que de forma estrondosa se desintegraram com o embate, borrando como é óbvio o vidro daquele carro que seguia a 120Km/h, na auto-estrada que liga o Porto a Lisboa. Ora que linda imagem para caracterizar e relembrar o que se passa na ainda por desbravar selva do asfalto em Portugal.
A segunda história é não menos assustadora, mas desta vez julgo não ter iogurte, e se tiver é de pedaços de pêssego, dentro da validade, claro está.
São relatos de alguém que trabalha numa loja, loja essa cheia de pessoas com vontade de assistir e ou protagonizar momentos de diversão e histerismo para mais tarde recordar. Uma senhora dirige-se à caixa dessa loja para trocar uma cueca, não sei de que cor, lamento. A loja estava sem ninguém, com excepção dos funcionários e respectiva senhora. A senhora explica ao funcionário a situação e pergunta-lhe se ele pode fazer algo para a ajudar. Nisto estão já umas cinco pessoas na loja. O funcionário responde-lhe que não se pode trocar roupa que se usa em partes tão íntimas. A senhora não concorda e começa a levantar o tom "protegida" pela companhia de um outro cliente que entretanto se pusera atrás dela para pagar a sua conta. A loja tem treze pessoas e seis delas estão na fila para fazer o pagamento. Por esta altura já a mulher berrava desalmadamente com o funcionário. Mais três pessoas na fila e até nomes feios a senhora chamou ao funcionário, e não foi cá bandido nem malcriado, foram nomes bem piores que nem poderia escrever aqui, porque corria o risco de a minha mãe ler e de me pôr de castigo. Fim da história, percebe-se que aquilo que poderia ter sido uma conversa normal e civilizada não o foi apenas porque a senhora sentiu que se fizesse um escândalo, com outras pessoas a assistir, o funcionário ia ceder à sua vontade.
Estes portugueses são espectaculares, batem na professora que colocou o filho de castigo, fazem tudo o que é possível para numa fila passarem à frente de alguém, chamam nomes ao chefe que os obriga a trabalhar, são autênticos indígenas ao volante, dizem que o vizinho que fez fortuna é ladrão ou vende droga, não podem esperar dois minutos enquanto estamos no Multibanco, vão à pastelaria e querem o pastel de nata maior que há (quando eles são todos iguais), não haverá nunca um governo que tenho um único membro sério, a filha do Zé é uma vadia porque foi tomar café com um amigo, passam a vida com a queixarem-se, cospem para o chão, culpam os pretos, chineses e ucranianos por não terem emprego e dizem: "no meu tempo é que era" . Enfim, e mais outras 400 coisas que eu me esqueci agora de nomear e também porque não quero ficar como "ELES" ou os "OUTROS", que falam falam falam, mas não os vejo a fazer nada.
Cheira-me que a nação áurea que outrora fomos tinha um código genético bem distinto desta, ou então pode-se concluir que estar em contacto com o mar e com o sol mais que dois mil anos provoca estupidez crónica.
Saudações Lusitanas, O Supertramp da Aldeia

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