As linhas que desta carta farão parte não são mais do que uma pequena lembrança, que por ocasião especial, resolvi escrever como forma de agradecimento, por tudo o que fizeram por mim, e porque as palavras quando são escritas ganham significado diferente, e jamais serão atraiçoadas mesmo que por uma memória gasta e fraca.
O agradecimento vai todo para Eles, o agradecimento não chega, tenho de achar outra palavra. Reconhecimento, também não chega... Gratidão! Não é suficiente. Não encontro, se calhar não existem! Não existem as palavras que exprimam de forma exacta o agradecimento, o reconhecimento e a gratidão que eu tenho para com Eles, por tudo aquilo que me deram, e ensinaram.
Podia falar daquele carro telecomandado caríssimo, mas prefiro falar do carinho, podia lembrar-me da bicicleta que sempre desejei, mas prefiro falar da compreensão, podia falar daquelas férias, mas prefiro os momentos de alegria, podia falar do bilhete do concerto que me deram, mas prefiro falar da ternura, podia falar daquelas sapatilhas lindíssimas, mas prefiro falar dos conselhos sábios, podia falar da aparelhagem magnifica, mas prefiro a paciência, podia falar de tantas outras coisas, mas prefiro falar no amor que me deram.
A grandeza de todos os presentes que ao longo estes anos me foram oferecendo é algo sem igual, de tão valioso podia estar no cofre mais seguro do mundo, mas não, Vocês decidiram entregar esse tesouro nas minhas mãos. Sinceramente acho que só no Vosso papel eu irei perceber a grandeza dos vossos gestos, e daquele que tem sido o Vosso duro trabalho a cada dia em que o sol nasce.
Vocês fizeram, fazem e farão um excelente trabalho de equipa. Não há nos quatro cantos do mundo uma equipa que um dia não tenha sentido o sabor amargo da derrota, mas isso não Vos fez mal, bem pelo contrário, fortaleceu-Vos e deu-Vos alento para continuar a somar vitórias, por mais pequenas que fossem, até porque há dias em que um pequeno sorriso é uma vitória.
Juntos partilhamos dias maus, mas convosco tive os melhores dias da minha vida, cresci, aprendi, ganhei, percebi, fui e sou muito Feliz.
A dureza das lágrimas que descrevem coisas tão boas como estas começa a fazer-se sentir nos meus olhos. Encaro-as como o mais sincero sinal de agradecimento que tenho para Vos oferecer.
Sinto-me muitíssimo orgulhoso desta união com 25 anos que deu à luz os melhores Pais que alguém pode ter.
Por tudo isto dou graças a Deus.
(Fiz este texto com o intuito de ser lido na acção de graças da celebração eucarística da comemoração das Bodas de Prata -25 anos- dos meus pais dia 25 de Agosto de 2009)
Um forte abraço para aqueles que estão de parabéns.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
As escolhas de uma vida
Durante os próximos minutos vou escrever sobre mais um tema que a Maia me recomendou. E sim é a Maia que estão a pensar, aquela que não é abelha, mas sim taróloga, comentadora da vida alheia, e agora até capa de revistas masculinas, o que cá entre nós é bem revelador de como se passeia a Crise por este belo país à beira mar plantado.
Ok, ok! Prometo não escrever mais disparates destes neste post. Desculpem-me, mas às vezes é bem mais forte e patético do que eu, e aí nem consigo resistir.
As coisas que durante a nossa vida, em detrimento de outras, vamos escolhendo têm um peso gigante na nossa vida. Pelo menos esta foi a conclusão a que cheguei um destes dias enquanto pensava cá para com os meus botões. Este processo de escolhas começa quando ainda somos muito novos. Uma dessas primeiras escolhas acontece quando os nossos pais no levam às compras para adquirir o nosso precioso primeiro material escolar. A diferença entre escolher um estojo do ActionMan ou do SpiderMan pode fazer toda a diferença para conquistar o nosso primeiro amigo na escola. Depois com a semanada vêm as cada vez mais duras escolhas, compro um saco de berlindes para começar a minha saga vencedora e me afirmar neste magnifico jogo perante toda a turma, ou compro aquele chocolate com um leão desenhado e sacio a minha enorme gula?! No intervalo, prontos a formar as equipas que disputaram o mais afamado de todos os jogos de escola, escolho para a minha equipa o melhor jogador para assim poder fazer parte da equipa vencedora, ou abro mão disso e escolho o meu amigo?! Chegado a casa na plenitude dos 6 anos com mais um dente prestes a cair as opções são: ou prendo um cordel do dente à porta e a fecho e amanhã terei uma história de coragem para contar aos meus amigos, ou deixo que ele caia por ele próprio e evito a tortura psicológica que são aqueles segundos antes de empurrar a porta?!
Alguns anos passados e as escolhas mantêm-se, mas desta vez parecem as piores do mundo. Em pleno 8º ano e eis as hipóteses: fazer todos os trabalhos em atraso para a escola, evitando assim uns ralhetes de pais e professores, ou por outro lado desfrutar de umas boas horas em cima da minha bicicleta, arriscando aqueles truques que eu tanto queria saber?!
Cada pormenor, cada gesto, cada piscar de olhos, cada segundo altera definitivamente ou quase a nossa vida para sempre, digo-o não por ser mau, mas por ser uma condição incrível que por vezes nem reparo. Vou dar alguns exemplos disto, para puderem ver as coisas como eu e assim terem razão para me chamar chanfrado. Os 10 segundo que demorei a mais naquele dia a lavar os dentes fizeram que perdesse o autocarro, e assim não pude chegar a tempo à escola e perdi a aula onde o professor ensinava o Teorema de Pitágoras, o que, anos mais tarde, irá tirar-me uma décima no exame de matemática o que me fará chumbar e ficar com aquela disciplina por fazer. Serei obrigado a repetir o exame no ano seguinte e para isso assistir às aulas, aulas com pessoas que passarei a conhecer, no meio dessas pessoas existe uma que toca violino, e que convencerá a aprender a tocar, vou aprender a tocar violino. Já na faculdade entro numa tuna, que não entraria se não soubesse tocar violino, nessa tuna irei actuar a um sitio que provavelmente não conheceria se não fosse assim, nessa terra existe um museu que visitarei, nesse museu existe um guia com o qual manterei contacto por muito tempo, e certo dia conhecerei a sua filha por quem me virei a apaixonar e com a qual irei casar. Ainda se lembram que esta história começou com 10 segundo de atraso ao lavar os dentes, certo?!
Aquelas aulas a que não fomos porque queríamos estar com a namorada, aquele jantar de família que trocamos por uma ida ao cinema, aquele jogo de futebol que não vimos porque estávamos de castigo, o dia que não fomos à piscina porque fomos à aula de condução, o amigo que não conhecemos porque naquela noite porque estava a chover tanto lá fora, as férias que perdemos com os amigos por estarmos a trabalhar.
Enfim as opções são tantas, as escolhas tão difíceis, e nunca nunca, por um único dia que seja nos dão tréguas, e por mais opções que façamos, por mais escolhas que tomemos, jamais nos iremos habituar a esta nossa condição de escolha permanente.
Julgo que o mais importante é termos sempre a convicção de que no momento em que fazemos as nossas escolhas, essas eram pois para nós a melhor opção, o melhor caminho, a melhor saída, e que o fizemos foi acreditando nisso.
Posso dizer-me convicto das minhas escolhas, sei que nem sempre fiz as melhores, e sei que ainda irei falhar numa ou outra por pequenas que possam ser. No entanto não pudemos esquecer o caminho que fizemos para estarmos onde estamos, e se aqui chegamos foi porque ganhamos mais vezes do que as que erramos.
Acreditar naquilo que nos move é fundamental, e nunca, nunca tenham medo de arriscar, especialmente quando o que buscam se chama Felicidade.
Um forte abraço para todos, especialmente para quem arrisca ser Feliz!
O Supertramp da Aldeia.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Momentos
Depois de uma bela temporada afastado das letras, observações e comentários palermas, eis-me aqui de novo pronto escrever mais umas linhas e para vos mostrar que a minha tolice está mais crónica que nunca.
Vou escrever sobre alguns momentos fantásticos que tive a oportunidade de passar nos últimos dias.
Não mais do que 15 miúdos, entre 12 e 16 anos, proporcionaram-me uma fantástica semana de crescimento e desenvolvimento pessoal.
Os 15 hectares cheios de magia e beleza da Quinta de São Francisco, em Pataias, foram o local escolhido.
É certo e sabido que eram miúdos institucionalizados, com graves problemas familiares, sociais e alguns até de desenvolvimento, mas isso não muda o facto de serem pessoas e acima de tudo crianças, como todos nós um dia fomos, mas a quem não foi dada a possibilidade de crescerem felizes.
As marcas de um passado que gostariam de apagar e esquecer estão por todo lado, algumas em forma de cicatrizes, outras notam-se num olhar triste e amargurado, algumas até numa simples conversa sobre a família, mas as piores permanecem nas suas memórias.
Foi deveras uma experiência riquíssima para todos os que fizeram parte do projecto Campo's 09. Pessoalmente, para além de ter deixado as marcas de algo inigualável, proporcionou-me a percepção duma realidade claramente diferente daquela à qual estava habituado e fez-me estar ainda mais agradecido pela sorte que tive nas oportunidades para aqui chegar.
Da lembrança vão constar muitas coisas oferecidas por aqueles miúdos, os sorrisos que vi nos seus lábios, as alegrias que lhe proporcionamos, as asneiras que fizeram, os conselhos que lhes demos, as conversas, os jogos, as brigas, os seus desabafos, e por último as lágrimas que alguns deixaram para trás como sinal de agradecimento por tudo aquilo que juntos fizemos, a nossa gigante recompensa.
Com os outros monitores (chefes, caminheiros e monitores da instituição) ficam outras tantas marcas, as relações que criámos, as gargalhadas que partilhamos, as confissões que fizemos, as histórias e episódios que assistimos, as conversas e discussões, as piadas que trocávamos sobre a lata da salsichas, o chefe dos bombeiros, o hipopótamo e o halibut.
Por fim aquele sentimento que invadiu o peito de todos nós, uma sensação amarga, saudades daquilo que ainda nem acabou, a tristeza e algumas lágrimas romperam nos olhos de todos, um claro sinal do quanto espectaculares haviam sido os últimos dias.
A todos os que participaram no Campo's 09 um muitíssimo obrigado e até breve.
Um forte abraço
O Supertramp da Aldeia
Vou escrever sobre alguns momentos fantásticos que tive a oportunidade de passar nos últimos dias.
Não mais do que 15 miúdos, entre 12 e 16 anos, proporcionaram-me uma fantástica semana de crescimento e desenvolvimento pessoal.
Os 15 hectares cheios de magia e beleza da Quinta de São Francisco, em Pataias, foram o local escolhido.
É certo e sabido que eram miúdos institucionalizados, com graves problemas familiares, sociais e alguns até de desenvolvimento, mas isso não muda o facto de serem pessoas e acima de tudo crianças, como todos nós um dia fomos, mas a quem não foi dada a possibilidade de crescerem felizes.
As marcas de um passado que gostariam de apagar e esquecer estão por todo lado, algumas em forma de cicatrizes, outras notam-se num olhar triste e amargurado, algumas até numa simples conversa sobre a família, mas as piores permanecem nas suas memórias.
Foi deveras uma experiência riquíssima para todos os que fizeram parte do projecto Campo's 09. Pessoalmente, para além de ter deixado as marcas de algo inigualável, proporcionou-me a percepção duma realidade claramente diferente daquela à qual estava habituado e fez-me estar ainda mais agradecido pela sorte que tive nas oportunidades para aqui chegar.
Da lembrança vão constar muitas coisas oferecidas por aqueles miúdos, os sorrisos que vi nos seus lábios, as alegrias que lhe proporcionamos, as asneiras que fizeram, os conselhos que lhes demos, as conversas, os jogos, as brigas, os seus desabafos, e por último as lágrimas que alguns deixaram para trás como sinal de agradecimento por tudo aquilo que juntos fizemos, a nossa gigante recompensa.
Com os outros monitores (chefes, caminheiros e monitores da instituição) ficam outras tantas marcas, as relações que criámos, as gargalhadas que partilhamos, as confissões que fizemos, as histórias e episódios que assistimos, as conversas e discussões, as piadas que trocávamos sobre a lata da salsichas, o chefe dos bombeiros, o hipopótamo e o halibut.
Por fim aquele sentimento que invadiu o peito de todos nós, uma sensação amarga, saudades daquilo que ainda nem acabou, a tristeza e algumas lágrimas romperam nos olhos de todos, um claro sinal do quanto espectaculares haviam sido os últimos dias.
A todos os que participaram no Campo's 09 um muitíssimo obrigado e até breve.
Um forte abraço
O Supertramp da Aldeia
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